5 de maio de 2009

medo do escuro

De repente o clarão se apaga.
Sobrou uma luz suave, bruxuleante, que só se mantém acesa porque o vento ainda não está muito forte.
E ela, sentada num canto do quarto, apenas observa. Morre de medo do escuro e da solidão, e sabe que quando aquela pequena vela se apagar, ela estará sozinha numa imensidão negra até o fim.
Como proteger aquela chaminha do vento que cisma em soprar? Se ela apenas pudesse segurá-la e mantê-la acesa entre suas mãos! Mas não pode, a chama é frágil e indomável demais.
Ela se sente pequena, vazia, sem forças, como se sua vida dependesse daquela pequena luz. Justo ela, que era tão forte que nada a assustava! Se deu conta de como a luz forte impede que as pessoas realmente se enxerguem. É como se as cegasse e somente na penumbra vissem o que realmente há (ou não há) dentro de cada um. Tudo o que ela vê agora é um enorme labirinto, as paredes (dúvidas, medos e alguns desejos que a apavoram) estão mais altas e intransponíveis que nunca. Não imagina o que há no fim, mas corre pra ele, procurando uma resposta, algo que a faça se sentir melhor, que faça parar de doer.
Os fantasmas que encontra em algumas esquinas já são velhos conhecidos, sempre presentes em suas longas noites insones. Lembra de quando se perdeu de seus pais na praia, ainda criança. E de quando sofreu sua maior desilusão amorosa. Aquele desespero de nunca mais se sentir completa de novo, abandono... que bobagem! Se pudesse voltar àquele tempo, quando era uma criancinha, o calor, a proteção...
Pensa em como enxergar na escuridão. Como se mexer? Como dar mais um passo?
Está começando a sentir frio. Procura chegar o mais perto possível da chama para conseguir um pouco de seu calor. Mas não é suficiente. E o vento começa a ficar forte.
Pensa que talvez pudesse manter a luzinha por mais tempo. Quem sabe uma redoma, ou trancar todas as janelas e portas para o vento não entrar. Mas não existe abrigo. O vento está virando um vendaval. Está ficando escuro...

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