14 de junho de 2009

the end

Abriu os olhos ainda sem conseguir enxergar direito. Olhou para o lado: vazio; apenas uma camiseta vermelha em cima do travesseiro. Sentiu uma dor atravessar seu corpo. Tenta lembrar da noite anterior, uma avenida vazia, alguns gritos, os olhos ardendo, aquele rosto hostil. "O que foi que eu fiz?".
Ao sentar na cama a certeza lhe caiu como um tijolo: estava acabado. Pensa no que fazer, tem algumas opções. Nenhuma lhe parece útil. Liga o computador e começa a escrever um email. Droga de tecnologia, os tempos de bater na porta de casa e despejar as palavras que vêm à cabeça eram melhores. Uma frase não tinha nexo com a outra, melhor apagar tudo.
Quem sabe uma volta pela rua... não está tão frio e tem um sol bonito. Caminha um pouco mas logo desiste; tem mais pessoas felizes na rua do que o normal, e isso a irrita hoje mais do que o normal.
Quem sabe ler? Não, Beauvoir não está ajudando. Histórias de guerra menos ainda... desiste de procurar distração. Pensa naqueles que conseguem tirar coisas boas da dor. Ela não consegue, apenas mais dor.
Queria ouvir aquela voz mais uma vez. Ver aquele rosto mais uma vez. Sentir aquele corpo mais uma vez. Sempre se recusou a aceitar a "última vez". Odeia tudo que é definitivo. Talvez por isso nunca aprendeu a lidar com a morte e com epílogos. Precisa de uma porta aberta.
Cheira a camiseta. Precisa dela, daquele conforto. Algo que a prove que não estava louca. Ele existia e esteve ali há poucas horas.
Se foi, mas alguma porta tinha que estar aberta.

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